“A TAP não é uma companhia aérea bem gerida“. As palavras, sem papas na língua, são de Michael O’Leary, o CEO da Ryanair, que, em entrevista ao jornal económico Eco deixa duras críticas ao rumo que a companhia de aviação portuguesa tem seguido.
“Se olharmos para os números da crise existencial que atravessou nos últimos dez ou 20 anos, vemos que é uma pequena companhia aérea que se está a tornar ainda mais pequena“, analisa O’Leary.
Apesar disso, o CEO da Ryanair diz que “adorava comprar a TAP”. “Mas não nos iriam deixar”, acrescenta, referindo-se a “questões regulatórias”
“Estamos bloqueados, porque somos a maior companhia aérea em Portugal e a TAP é a segunda. Se tentarmos juntar as duas companhias, teremos os alemães, os franceses e os britânicos a dizer que não podemos fazer isso – e farão um monopólio”, atira O’Leary no Eco.
Neste momento, “a TAP não vale nada” e “só sobrevive porque recebeu 3,2 mil milhões do Governo, que têm de ser devolvidos” e “não vai conseguir”, diz ainda o líder da Ryanair.
Quanto ao valor que estaria disposto a pagar pela companhia portuguesa, O’Leary nota que “o ponto não é por quanto o Governo vende a TAP, mas sim se consegue encontrar um parceiro para a TAP“.
Já se comprasse a empresa, a primeira coisa que faria seria “reduzir os custos e aumentar o número de voos“, diz o presidente da Ryanair.
O CEO da Ryanair considera que o Grupo IAG que detém a British Airways e a Iberia, seria “o melhor comprador para a TAP” porque “tem experiência em comprar e fazer crescer outras empresas”.
“O Governo português deve fazer um acordo com o Grupo IAG para comprar a TAP, mas com a condição de o Grupo IAG se comprometer a aumentar o tráfego da TAP em 50% nos próximos cinco anos”, aconselha também o líder da Ryanair.
“Seria a melhor maneira de os contribuintes portugueses no futuro evitarem ser burlados em 3,2 mil milhões de euros“, acrescenta.
Mas, no actual cenário, O´Leary vaticina que a TAP “não vai sobreviver na nova Europa”, pois “não pode competir com a Ryanair”.
Quanto ao bónus de 2 milhões de euros a que a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, terá direito se cumprir os objetivos do plano de reestruturação, O´Leary entende que é “demasiado alto”.
“Nem sabia que ela ia receber um bónus. Esse bónus depende do quê? Trazer a TAP de volta aos lucros ou vender a TAP? [Dois milhões] parece-me ser demasiado alto“, analisa.
O´Leary revela ainda na entrevista ao Eco que a Ryanair já pediu uma reunião com o novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, na expectativa de “ver alguma acção numa série de problemas relacionados com Portugal”.
Entre estes problemas estão as taxas aeroportuárias, a questão das slots no aeroporto de Lisboa e a decisão sobre o novo aeroporto. “Parem de perder tempo com experiências de aeroportos a 100km de Lisboa”, recomenda o CEO da Ryanair.
ZAP //
02/02/2023