A partir de março, a água vai ficar mais cara, no Algarve.
As empresas e quem gasta menos veem a fatura aumentar 15%. Os mais gastadores arriscam-se a ter um aumento de 50%.
O presidente da Câmara de Olhão e da Comunidade Intermunicipal do Algarve, António Pina, disse, esta manhã, em declarações à Antena 1, que “não há alternativa” e que a intenção destes aumentos é incentivar a poupança.
À mesma rádio, o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos, Hélder Martins, está descontente e lamentou não ter sido chamado para debate – que afeta diretamente o negócio dos hotéis: “Se estamos a trabalhar todos para um fim, era bom que trabalhássemos em conjunto“.
“Qualquer aumento pesa nas contas das empresas. E um aumento deste montante [15%] com certeza que pesa muito. (…) Por que é que as Câmaras não apostaram antes em cortar naquilo que são as perdas que cada município tem?”, sugeriu o responsável pelos hoteleiros algarvios.
Esta quarta-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu as medidas adotadas pelo Governo são injustas.
Já não chegava a região ser severamente afetada pela seca que ainda é penalizada com o aumento do preço da água.
“O impacto da seca afeta a generalidade das culturas e das regiões, mas os efeitos foram mais severos no sul do país, especialmente no Algarve, com uma situação de crise”, apontou o secretário-geral da CAP, Luís Mira, à Lusa.
Associada a uma redução das produções está o aumento das importações e dos preços, devido a fatores como o custo acrescido de transporte. Ainda assim, como Portugal está inserido no mercado europeu, é “altamente improvável” falta ou escassez de bens agroalimentares.
A CAP lembrou que estão em causa muitos empregos e a viabilidade de várias empresas, sublinhando ser necessário um plano específico de apoio às empresas que vão ficar sem rendimento.
Além do apoio aos agricultores, que deve incluir medidas especiais e de emergência, como o ‘lay-off’ simplificado, a CAP reclama a reativação dos furos municipais e simplificação dos procedimentos para a abertura de novos furos.
Por outro lado, é necessário proceder à revisão dos caudais ecológicos e adotar medidas estruturais para a gestão e armazenamento dos recursos hídricos.
“É preciso investir na modernização das infraestruturas hidráulicas existentes, garantindo perdas mínimas de recursos hídricos, e é preciso investir em novos empreendimentos e canais de distribuição que, além do eficiente armazenamento de água, permitam levar água dos pontos em que existe abundância para aqueles onde é escassa”, notou.
Apesar de ressalvar estar consciente de que a concretização destes investimentos vai levar tempo e muito dinheiro, a CAP assegurou que essas escolhas têm de ser feitas hoje, uma vez que a situação de seca tenderá a agravar-se.
“Para muitos agricultores, já será, infelizmente, tarde demais”, concluiu.
ZAP // Lusa
02/02/2024