Qualquer operador pode fazer a viagem Lisboa-Porto em Alta Velocidade por 25 euros com uma boa taxa de rentabilidade. Esta é a conclusão de um estudo encomendado pela Infraestruturas de Portugal para a futura linha que vai fazer a viagem entre as duas cidades por menos de duas horas.
A futura linha de Alta Velocidade vai poder funcionar com comboios a preços mais acessíveis do que aqueles que são praticados, actualmente, pelo Alfa Pendular que custa entre 31,90 e 44,60 euros, nas segunda e primeira classes, entre Lisboa e Porto.
Esta é a conclusão de um estudo encomendado pela Infraestruturas de Portugal (IP) a uma consultora internacional, no sentido de perceber se seria rentável explorar a futura linha de Alta Velocidade com comboios a 300 km/hora.
A conclusão é clara. “Um operador tradicional (que não seja low cost) pode cobrar 25 euros por viagem e ter, ainda assim, uma taxa de rentabilidade razoável”, nota-se no estudo a que o Público teve acesso.
A pesquisa tem em conta comboios de 500 passageiros, com uma taxa de ocupação média de 70% e uma taxa de portagem ferroviária de 10 euros por quilómetro – este valor é “cinco vezes mais do que os actuais dois euros por quilómetro cobrados a cada comboio na linha do Norte”, como nota o referido jornal.
Um comboio de Alta Velocidade pagaria, aos valores actuais, 3200 euros de portagem ferroviária entre Lisboa e Porto. Se esta taxa baixasse, os bilhetes poderiam ser ainda mais baratos.
“É claro que os preços poderão variar de acordo com a tipologia do serviço prestado, mas este estudo desmente aqueles que dizem que a Alta Velocidade é uma coisa só para ricos“, refere o vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, em declarações ao Público.
Este responsável nota que o objectivo da IP, ao encomendar o estudo, se prende com a preocupação da “democratização do serviço” e com a intenção de “massificar o próprio transporte ferroviário”. Saber que é possível implementar o serviço com preços acessíveis, com qualquer operador, é a garantia de que o negócio será rentável.
Depois da conclusão da primeira fase da linha de Alta Velocidade entre Porto e Soure, a viagem Lisboa-Porto poderá ser feita em 1 hora e 59 minutos, sem paragens, nem estações pelo meio.
Uma das mais-valias da nova linha de Alta Velocidade é que vai ser construída em “bitola ibérica”, o que permitirá que estes comboios entronquem com a linha convencional em pontos como Aveiro, Coimbra e Leiria.
Os comboios convencionais também poderão circular na linha de Alta Velocidade, o que permitirá criar uma espécie de “auto-estrada ferroviária”, como analisa ainda Carlos Fernandes.
Assim, os comboios de Alta Velocidade poderão encurtar o tempo das viagens com destino a cidades como Valença, Braga, Guimarães, Régua, Guarda, Covilhã, Figueira da Foz, Caldas da Rainha, Beja, Évora e Faro, nota ainda o Público.
“Ambicionamos a total operabilidade com o resto da rede ferroviária nacional e com a rede espanhola. Usar a mesma bitola dá um enorme potencial para todos os tipos de serviços“, conclui Carlos Fernandes.
A primeira fase da futura linha, entre o Porto e Soure, deverá estar concluída em 2030. Esta fase prevê a renovação da estação de Campanhã, no Porto, para incluir mais linhas para os comboios de Alta Velocidade que vão permitir a ligação a “200 destinos directos (comboios sem transbordo) não só na região norte, mas em todo o país”.
Esta obra inclui ainda a construção da ponte entre Gaia e o Porto que vai ter um tabuleiro rodoviário e outro ferroviário, e a construção da estação subterrânea de Santo Ovídeo que terá ligação directa ao Metro.
Além disso, também será construída a nova estação de Coimbra e será ampliada a linha do Norte entre esta cidade e Taveiro, para aumentar a oferta de comboios suburbanos da Figueira da Foz.
No caso da estação de Aveiro, haverá obras de intervenção menor, apenas para aumentar a sua capacidade.
A segunda fase do projecto de Alta Velocidade envolve o troço Soure-Leiria-Carregado.
ZAP //
0506/2023