RETORNAR ÀS NOTÍCIAS - A relação de Marcelo e Costa vai mudar. Presidente larga colo e torna-se “fiscalizador-mor do reino”


03-02-2022 20:23h Vários

 

Não seria a primeira vez que a relação entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa era alvo de críticas.

O Presidente da República é acusado de se colocar demasiado próximo do primeiro-ministro e, em entrevista ao DN, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS-UL) Marina Costa Lobo definiu como “romance adolescente” a relação entre os dois.

Em janeiro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa disse que teria com qualquer outro primeiro-ministro a mesma relação que tem com António Costa e considerou que esta coabitação foi uma escolha dos portugueses.

A verdade é que a relação entre ambos parece estar prestes a mudar, de acordo com conselheiros do Presidente e fontes próximas ouvidas pelo Observador. Marcelo deixará de ser o “garante da estabilidade” e vai passar a ser “uma espécie de watchdog da maioria absoluta de António Costa”.

 

Ao Observador, Luís Marques Mendes disse mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa passará a ser o “fiscalizador-mor do reino”.

O Presidente terá agora um papel importante na “fiscalização de abusos e exageros que as maiorias absolutas tendem a ter”, entende Marques Mendes, acrescentando que o chefe de Estado será também um “impulsionador de reformas”.

Sistema eleitoral, reforma fiscal, justiça, saúde educação serão as áreas visadas por Marcelo, detalha fonte próxima de Belém.

Com a maioria absoluta e perante uma lei aprovada por um só partido do Parlamento, as atenções mediáticas viram-se sempre para o Presidente. Como tal, Marcelo Rebelo de Sousa vai recorrer ao poder de veto para marcar a sua posição e policiar a governação socialista.

Apesar da relação aparentemente positiva entre ambos ao longo dos últimos anos, já houve desentendimentos.

Em junho do ano passado, António Costa disse que ninguém podia garantir que não se voltava atrás no processo de desconfinamento. “Se alguém pode garantir [que não se volta atrás no desconfinamento]? Não, creio que nem o senhor Presidente da República seguramente o pode fazer, nem o fez”, atirou Costa, na altura.

E Marcelo Rebelo de Sousa respondeu à altura: “Por definição o Presidente nunca é desautorizado pelo primeiro-ministro. Quem nomeia o primeiro-ministro é o Presidente, não é o primeiro-ministro que nomeia o Presidente”.

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Agora, fonte próxima do Presidente, diz que “é óbvio que a relação não será igual”.

Na noite eleitoral, António Costa disse uma frase que passou algo despercebida, mas que antecipa possíveis animosidades entre os dois, com o primeiro-ministro a tentar manter Marcelo nos mesmos moldes:

“Quanto ao senhor Presidente da República o que esperamos todos é que continue a exercer o seu mandato presidencial e as suas competências próprias nos termos da Constituição, como tem habituado os portugueses a fazer e como os portugueses ainda há um ano renovaram a confiança no senhor Presidente da República para continuar a exercer. Não havemos de esperar outra coisa, com certeza”.

A relação entre Marcelo e Costa será assim feita de novas tensões, sentencia o Observador, salientando os diferentes papéis que cada um vai desempenhar.

   ZAP //

03/02/2022